quinta-feira, 26 de maio de 2011

Dois Eremitas

Numa montanha solitária, viviam dois eremitas que adoravam a deus e se amavam um ao outro.
Ora esses dois eremitas tinham uma tigela de barro, que era o único bem que possuíam.
Um dia, um espírito mau entrou no coração do eremita mais velho, e ele procurou o mais moço e disse-lhe:
“Faz muito tempo, já, que vivemos juntos. Chegou a ocasião de nos separarmos. Dividamos nossos bens”.
Então o mais moço entristeceu-se e disse:
” Aflige-me, irmão, que tu me deixes. Mas se tens necessidade de partir, seja assim.E trouxe a tigela de barro e deu-lhe ao outro dizendo:
“Não podemos dividi-la irmão; que seja tua.”
Então o eremita mais velho disse:
“Não aceito caridade. Não levarei nada que não seja meu. A tigela deve ser dividida.”
O mais moço ponderou:
“Se ela for quebrada que utilidade terá para ti ou para mim? Se é teu desejo, lancemos antes uma sorte.”
“Não quero senão justiça e o que me pertence, e não vou confiar a justiça e o que me pertence à sorte vã. A tigela precisa ser dividida.”
Então o eremita mais moço não pode mais argumentar e disse:
“Se é de fato teu desejo e se mesmo assim o queres, quebremos a tigela.”
Mas a face do eremita mais velho foi escurecendo excessivamente, e ele gritou:
“O maldito covarde, não queres mesmo brigar.”
Parábolas de Gibran Khalil Gibran

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